Sem destino nem direção

Chuva respinga na janela e eu me encontro debruçada na poltrona azul olhando para o céu, observando os riscos de água caindo de lá de cima. Precisava mesmo chover. Chuva respingando na janela para deixar marcas acinzentadas ao amanhecer de domingo. Respinga a água que veio sem direção, sem destino, sem ida nem vinda. Respinga a água que veio e apenas veio.
Chuva que contemplo solitária. Mais um dia solitário, aliás. Mais uma pizza solitária. Mais um lençol solitário. Solitária sou em vida e em pensamentos. Mais uma fase que inicia sem eu ter pedido. 
Chuva vem para abrir espaço para outras coisas. Chuva essa, que quer me livrar disso tudo.
Surpresas à espreita.
Água que rola sem destino nem direção. Apenas rola.
Assim como as situações na vida. Na minha vida.
Me arrependi de não ter feito aquela viagem. Foi apenas um dia para que tudo mudasse. E eu me achei capaz.
Mas, agora, me veio a incapacidade de acreditar em mim. Me veio à mente um pensamento tolo de achar que perdi meu valor.
Um sentimento que não consegue.
Que não consegue ser consolidado.
Eu nunca havia tido esta certeza.
E agora? Agora a certeza vai embora, sem destino nem direção... Com as águas da chuva.
Ou então, descartada como lixo.
Que é exatamente como estou me sentindo.
Sem valor e estímulo algum.
É assim que me sinto hoje. E deixe-me permitir sentir assim.
É só hoje.
E não é o fim.

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