Ditado

É aquele ditado: você não consegue fazer omelete sem quebrar alguns ovos. E nessa distopia toda em que vivo, eu sempre acho que poderia ser alguém melhor. Alguém livre de preocupações ou simplesmente alguém que mantém longe as coisas erradas da vida. Ao que me parece, eu vivo guardando segredos pelos cômodos da casa. Guardo bilhetinhos antigos nas gavetas do criado-mudo. Muitas cartas não abertas, muitas canetas jamais usadas... E viver nesse mundo distópico me faz brisar no tempo. Diariamente, a dor na coluna vem juntamente com os filmes repetidos, a manteiga quase acabando e o pão velho. A geladeira mais vazia que o meu próprio peito, que esvazia pouco a pouco com a desesperança e o sentimento de que nasci para ser/estar só.
Esperar é mesmo o meu carma.
Inobstante à minha forma de agir com as situações, acredito que estou dissolvendo. 
Trocar a toalha, álcool nos vidros, aspirador de pó.
Cotonete como um pequeno prazer diário.
Conversar sozinha.
Esvaziar o copo.
Nadar.
É tudo e é bem cheio de nada, como sempre.
E é nessas horas que você não sabe o que fazer consigo.
E tem nome?

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